29 setembro 2014

Alice está morta #2


Se você não lembra do meu conto Alice está morta, eu não o culpo. Faz bastante tempo que não atualizo o conto, se ele já está praticamente pronto. Grande, mas pronto. Mas aqui está a segunda parte, enfim.  Se você quer ler a primeira, aqui está o link.

II
Primeiro caiu Cora, e o arco e flecha em suas costas a machucou. A visão estava meio embaraçada. Ela ficou um tempo no chão, e assim que levantou, um corpo caiu do teto fechado. Ela demorou um pouco para ver o rosto. Quando viu, uma onda de alívio a invadiu.
-Frank! -E o abraçou. Ele retribuiu o gesto, então levantou. Olhou ao redor.
-Afinal, onde estamos? Isso foi estranho demais.
Cora estava com medo de responder, sabia que soaria ridículo. Mas a aparência da sala só indicava isso. Havia uma mesinha no meio da sala, que era redonda e de vidro. Existiam várias portas em todos os cantos, umas pequenas, umas grandes. Tudo indicava apenas uma coisa.
-Parece Alice no País das Maravilhas.
Ela j[á esperava o riso de Frank. Pelo contrário, isso não aconteceu. Ele estava mais sério que nunca estivera na vida.
-Isso é muito estranho. -Ele foi até a mesa, Cora logo atrás. Ela era de vidro e redonda. Antes de analisarem os objetos em cima dela, viram outro corpo despencar no chão. Cora já ia tirando o arco das costas quando viu que era um menino.
Jonathan se levantou e olhou para eles numa expressão mais que confusa.
-O que aconteceu? Quem são vocês? Isso é como aquelas pegadinhas da TV?
-Parece que não -disse Frank. -Não sabemos como fomos parar aqui. Sou Frank, esta é minha namorada Cora. Ele estendeu as mãos, que Jonathan recusou. 
-Não preciso da sua amizade, só preciso sair daqui,
-Vai precisar da nossa amizade se quiser sair daqui -disse Cora.
Logo depois disso viram outros dois vultos caindo. Quase caíram em cima de Jonathan. Ele segurou um deles, enquanto o outro se espatifava no chão à sua frente.
-Me solte! -Disse uma garota com cabelos cor de areia. Rose. -Kelly!
A menina a sua frente fez de tudo para baixar o vestido, então se levantou. Olhou para as pessoas a sua volta. Cora percebeu que ela estava mais espantada do que seria o normal. Agarrou o braço de Rose.
-Quem são vocês?
Frank se apressou.
-Meu nome é Frank, esta é Cora e este é... -Ele apontou para Jonathan.
-Meu nome é Jonathan.
Rose deu um passo para frente.
-Sou Rose, essa é minha amiga Kelly. Estávamos na pracinha da cidade, eu achei ter visto um coelho, então... Cai.
Kelly assentiu. Agora Cora sabia que era exatamente como Alice no País das Maravilhas.
-Isso é como Alice no País das Maravilhas -ela falou. -Frank e eu estávamos no meio da floresta. Nem perguntem por que. E... Eu estava subindo em uma árvore quando escorreguei e caí no chão. Caí num buraco.
-Eu fui logo atrás -concluiu Frank.
-Eu estava perdido -disse Jonathan. -Cai num buraco.
-Será que existem mais pessoas que podem cair? -Disse Rose. -Tem uma mesa atrás de vocês. -Ela apontou para Frank e Cora. -Veem se tem algo que nos ajude.
Antes de poderem se virar, duas figuras caíram de uma vez, uma em cima da outra. Dom e Caio se levantaram e se entreolharam. 
-Onde estamos e quem são vocês? 
-Não temos tempo para explicar mais historinhas -disse Jonathan. Então foi até a mesa de vidro com os outros. Mesmo que Caio estivesse totalmente confuso, os seguiu. Todos foram também, menos Dom, que acabou segurando uma garota que caía.
-Ai meu Deus, o que está acontecendo? -Ela se livrou de Dom e encarou as pessoas que a olhavam. -Meu nome é Florence, e quero saber que diabos está acontecendo aqui.
Para Cora, Florence parecia ser a melhor dali. Florence parecia mais decidida, com certeza reagiria muito bem se alguma coisa acontecesse. Cora sabia.
-Sou Frank, está é Cora, Jonathan, Rose e Kelly e esses dois eu não sei.
-Dom e Caio -disse Dom.
Agora todos, até Florence que não fazia ideia do que estava acontecendo, olhavam para a mesa. Nela não havia uma poção de encolhimento, nem um bolinho que lhe faz crescer. Só havia uma carta, escrita com tinta e caligrafia perfeita. Quem acabou lendo foi Frank, que começou a parecer um líder para o grupo.
-Caras Alices. Devem se perguntar porque os chamo assim. Sei perfeitamente o nome de cada um de vocês. Cora. Frank. Jonathan. Rose. Kelly. Dom. Caio. Florence. Já leram Alice no País das Maravilhas? Pois vou lhes contar uma história para dormir. 
"Alice era uma tola de doze anos de idade. Caiu em um buraco. Conheceu amigos, todos eles estranhos. Ela achou que sonhava, e só despertou quando morreu. Fim. Acharam que era uma bela história com final feliz? Não."
"Um de vocês achará o corpo. Não se sabe qual. Por isso façam duplas. A Rainha Vermelha tomou conta de tudo quando Alice sumiu ou (a probabilidade mais certa) morreu. Não se sabe, ela não veio até mim. Preciso descobrir porquê. Tomem cuidado. Caras Alices, vocês serão minhas Alices. Se separem, e achem o corpo. Porque Alice está morta. E vocês vão acha-la. Atenciosamente, a Morte."
Depois de terminar a carta, todos ficaram quietos. O silêncio era arrepiante. Só quem teve coragem de quebra-lo foi Florence, em um sussurro apavorado. 
-Então era tudo verdade? E como aquele Lewis descobriu isso? Como isso é possível?
-Como vamos sair daqui? -Perguntou Cora.
-Achando o corpo de Alice -disse Frank. -Temos que nos separar e acha-lo.
-Isso é como um jogo -disse Rose. -A vitória é de quem achar Alice. E o resto? Morremos? Ficamos presos aqui?
-Vamos tentar não pensar nisso -disse Dom, decidido. -Vamos fazer as duplas e tentar sair daqui, e logo.
-Eu vou com Cora -falou Frank. -Rose e Kelly são amigas, eu acho, então podem ir juntas. Dom e Caio também. Jonathan e Florence vão juntos. Pronto.
-Nem conheço essa garota -falou Jonathan -e não temos armas. 
-Até os próprios punhos podem ser armas -disse Cora, lembrando-se das palavras que seu pai dissera certa vez -se usados da forma certa.
-Está dizendo isso porque tem um arco e flecha nas costas- disse Caio. -Não temos nada, e não sabemos nem  como sair daqui. -Ele abriu os braços mostrando o espaço.
Kelly, que em todo esse tempo estava paralisada de medo e quieta, disse:
-Então arrombamos qualquer uma das portas?
-Se isso é Alice no País das Maravilhas -disse Cora -,então arrombar portas está errado. Como era mesmo no conto...
-A chave -falou Rose. -Achamos a chave e abrimos a porta. Aí tomamos aquela bebida...
Rose parou. Todos pararam. Uma porta grande e sofisticada abria lentamente, abrindo caminho para uma luz grande. A sala em que estavam era iluminada, e não se sabia de onde vinha a luz. Mas não estamos no subterrâneo? pensou Cora. Frank pegou sua mão e disse para os outros:
-Por que não vamos?
Então eles saíram.

8 comentários:

  1. Wow tenho que admitir vc escreve muito bem, curti o conto... apesar de estar meio perdida na história... mas vou ler o começo ;)

    http://regrasquebradas.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  2. Belle, você escreve muito bem! Vou ler o primeiro capítulo, mas num faz isso de matar a Alice não, é a minha "princesa" favorita de todas :c
    Beijoos ♡ || Caramelos Encantados

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu também gosto da Alice... Vou dar um jeitinho <3

      Excluir
  3. Achei bem legal o conto, irei ler a primeira parte agora <3, você escreve muito bem! Parabéns *-*

    Abraços, Crazy Things

    ResponderExcluir
  4. Uou, Belle. Você definitivamente escreve bem, e esse conto está incrível. Aguardando ansiosamente pela continuação!

    ResponderExcluir